segunda-feira, 18 de maio de 2015

Blur de volta. E bem.

Créditos: emptylighthouse.com/ Reprodução

Pois é, 2015. Não dá pra esperar aquela alegria juvenil dos primeiros álbuns, o apogeu festivo de Parklife, a tremenda sacada (e flerte com a América) no lindão Blur (famoso álbum de capa amarela, quando a capa de cds ainda eram relevantes), ou quando chutavam o balde em um álbum excelente, experimental e triste (13), apesar de os singles do mesmo discordarem.

A mesma formação gravou um novo trabalho, após 16 anos (sim, tivemos o bom Think Tank, mas nele Graham Coxon participou de uma mísera música e saiu da banda). Desde então, Damon Albarn embarcou em alguns projetos (todos acima da média, bom ressaltar), Coxon gravou álbuns (irregulares, mas com muita música boa), Alex James foi cuidar da fazenda e Dave Rowntree até tocou como DJ em Brasília.

O que esperar do novo trabalho, The Magic Whip? Um pouco disso tudo (Blur alegre, experimental, Gorillaz, acústico), mas com o peso da idade. E após algumas audições, de fato tudo está ali. Menos o peso da idade, que está presente apenas na barriguinha dos integrantes do quarteto. O álbum, se mostra jovial, não da forma como Leisure (lá de 1991, o debut), mas se apresenta leve e disposto, mesmo sendo tão diverso (o que não chega a ser surpresa se tratando de Blur).

Os anos 90 estão vivos em músicas como Lonesome Street. Go Out é alegre, pop, pegajosa e tem aquela guitarra maravilhosamente suja de Coxon. As boas Ice Cream Man e Pyongyang caberiam facilmente no 13. O Blur sempre tem uma música mais agitada/guitarreira (lembram de Crazy Beat, Chinese Bombs, B.L.U.R.E.M.I.,  Bank Holiday?), a deste disco é I Broadcast.

Baladas sempre fizeram parte e aqui estão muito bem representadas:  My Terracotta Heart, New World Towers Thought I Was a Spaceman. A linda Ghost Ship podia ser Gorillaz (apesar da guitarra de Coxon ser bem peculiar). Ong Ong é outra faixa mastigadinha, palatável, agradável, fácil de gostar para fãs antigos e novos.

Há uma teoria que desde o cd Parklife (1994), a ultima faixa de cada álbum é uma pista de como será o próximo ou de como será a banda. Nessa onda, Mirrorball prevê um futuro interessante, porém um pouco nebuloso.

Cada música é envolvida por diversas camadas sonoras compostas de sirenes, diálogos, toques de telefone, piano e outras esquizofrenias da banda, portanto escutá-lo com fones de ouvidos deixa The Magic Whip ainda mais interessante. Não esperem hinos como The UniversalTender ou Charmless Man. Mas ainda assim, são boas canções que deixam claro que o retorno do grupo valeu a pena.


Assista ao videoclipe de Go Out: