terça-feira, 24 de novembro de 2015

Foo Fighters na zona de conforto

Reprodução / foofighters.com


Ontem o Foo Fighters disponibilizou em seu site o EP Saint Cecilia. São cinco faixas e nenhuma surpresa. A banda não ousa, simplesmente trafega em sua zona de conforto, trazendo canções que ficam ali na média, meio sem dizer muito, mais mesmo para pontuar o fim de um ciclo do grupo.

A faixa-título ostenta os mesmos ingredientes que fizeram eles serem quem são. Aquele rock palatável, refrão grudento, baixo acompanhando a voz e as guitarras e bateria crescendo no momento certo. Sean podia estar ali no One by One (2002) tranquilamente. Não acrescenta em nada, um b-side que mereceria ser b-side se este EP não existisse.

A "Motorheadiana" Savior Breath é um pouco mais ousada, suja e interessante. Aí começa Iron Rooster e sim, enfim, um grande momento. A banda prossegue afiadíssima nas canções mais lentas e esta lembra alguma das melhores que já fizeram. Ela poderia estar ali no Echoes, Silence, Patience and Grace (2007) ou mesmo lá no In Your Honor (2005), na seção acústica.

The Neverending Sigh segue a cartilha de Saint Cecilia. Não há um espanto, não surpreende. Não é como Wasting Light (2011), que realmente foi um assombro, recheado de belas composições. E também está longe de um There is Nothing to Lose (1999) e sua coleção inesgotável de hits. Parece que juntarem uns b-sides e deu nisso aí. Parece que tinham algumas diárias ainda no estúdio que alugaram e resolveram gravar isso aí, antes da galera recolher os instrumentos e cada um tomar o seu caminho nas férias.

A banda deve dar um tempo, pra cada um cuidar da sua vida e realizar outros projetos (Dave Grohl vai tocar em 58 projetos diferentes, dirigir algum documentário e gravar outros discos com outras pessoas, Taylor Hawkins vai surfar, Nate Mendel deve fazer uns shows com sua antiga banda, Pat Smear deve curtir as noites e não faço ideia no que faria o Chris Shiflett).

Esta pausa pode ser boa para o futuro reencontro do grupo. Wasting Light foi assim e deu muito certo. Às vezes, eles saem do piloto automático e se permitem arriscar um pouco mais. Pois qualidade e recursos para isso, eles possuem de sobra. A questão é se de fato é isso que eles desejam.

Ouça a música Iron Rooster:




segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Músicas quase esquecidas #4

Créditos: alternativenation.com / Reprodução

Aproveitando a passagem do Pearl Jam pelo país, prossigo esta série com eles. A banda possui uma porção de músicas lindas. Escolhê-las não é uma tarefa das mais fáceis. Resolvi filtrar apontando o meu álbum preferido deles o Yield (que não é o melhor da banda, porém) e que foi massacrado pela crítica, ao menos quando foi lançado.

Dentre muita coisa legal, escolhi Faithfull. Não é pelo nome, de algo que tanto falta na humanidade nestes tempos cascudos, mas sim pela música, que é linda, que emociona, que te abraça.
Até de coisas mais sutis, como os timbres das guitarras, timbre da caixa da bateria, do bumbo, dos pratos, do baixo, combinam com o do que mais gosto. Uma bela construção.

A banda tem várias baladas dignas de nota, não consigo mensurar qual gosto mais, mas esta, junto com este álbum, teve um efeito devastador em mim. Como uma avalanche de lama, que me varre, altera e transforma uma paisagem.

Ouça a música:


 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Músicas quase esquecidas #3

Créditos: rollingstone.com / Reprodução

O ano era 2001. Eu trabalhava em uma locadora de CDs e DVDs (saudosa CD Point). Os caras importaram esse álbum acima para a locação na loja. Não conhecia o artista. Claro, como quase todo mundo, brinquei com a semelhança do nome desse tal de Ryan Adams com o já conhecido Bryan Adams.

Assim que escutei o disco (Gold, segundo da carreira que já somam 15, em 15 anos), perdi o chão. Trafegando nesse terreno entre o rock'n'roll, o country rock, o blues e o folk, é/era basicamente as coisas que mais gosto/gostava de ouvir. Para um velho fã de Creedence Clearwater Revival e Neil Young, era um sopro de vitalidade nas músicas que gostava (adendo: o Wilco é um capítulo à parte).

O álbum é muito bom e existem muitas canções ali que poderia apontar, e que talvez apontarei em postagens futuras, como Firecracker, Answering Bell, Touch, Feel and Lose e The Rescue Blues. Mas naquele primeiro momento, em que atendia a clientela, uma me chamou particular atenção, pois eu atendia o cliente por alguns minutos e ela ainda estava ali, ecoando nas caixas de som.

Nobody Girl é uma canção com letra subjetiva e que vai crescendo gradativamente, sem cansar em nenhum momento, em seus quase 10 minutos de duração, que sinceramente, são poucos. Arranjos primorosos, ótimos timbres de guitarra e bateria (que infelizmente ele não mais os utiliza hoje) e muita emoção em cada acorde sublinham essa linda música, fadada ao esquecimento, na qual o refrão só chega a plenos pulmões aos 3'30'', quando um terço dos músicos famosos da humanidade já encerravam suas músicas.

Reserve este tempo e divirta-se. Confira abaixo a música.